Na Semana passada falamos da importância da Performance, mas como errar é humano, hoje vamos falar de Edição.
A edição é um processo novo, que surgiu com tecnologias recentes, e que hoje em dia está em alta por causa do mundo digital das gravações.
Os primórdios
Antigamente, não havia edição. No Vinil, o que era tocado é o que ficava gravado, e isso ia quase sem alteração até o final, quando os LPs eram vendidos e tocados nas vitrolas domésticas.
Com a chegada da gravação multipista em fita, era possível gravar takes diferentes para cada faixa, e assim a atenção para erros ficou mais apurada. Mas a edição como nós conhecemos ainda não existia.
Nós na Fita
A edição em fita era algo para questões mais simples. Arrumar o espaço entre faixas, fazer cortes entre partes diferentes, mas nada muito numeroso. E existe uma ótima razão para isso.
Fazer edição com fitas era muito trabalhoso. Era preciso marcar no rolo onde seria o corte, tirar a fita, cortar com uma lâmina de navalha, juntar com a outra parte cortada usando uma fita especial, depois trocar de rolo na fita, e conferir para se tudo estava certo.
Não dava para fazer isso em todo bumbo fora do lugar, ou guitarra atrasada.
Eis que chega o Digital
E assim, de repente, podemos cortar as respirações que ficaram altas demais, colocar o baixo e o bumbo insanamente juntos, quantizar cada nota quase imitando um robô tocando. Quem teve acesso foi a loucura!
Dá pra ouvir isso muito bem no final dos anos 90 e início dos anos 2000. Não dava para se pensar um bumbo e um baixo que não fossem colados, ou uma voz fora do lugar.
Além disso, chegou o famoso Auto-Tune, que fazia com que todas as notas do cantos ficassem “magicamente afinadas” (o que nós sabemos que não é bem assim). Mas o som metálico dos algoritmos de afinação não impediu que os produtores usassem sem medo de ser feliz.
Mas porque Editar?
Hoje em dia ainda existem ótimas razões para se editar. Uma das principais é para corrigir performances ruins.
Mas não acabamos de falar sobre a importância de uma boa performance? Sim! Mas com o advento das tecnologias acessiveis para os consumidores, qualquer um pode gravar. Qualquer um mesmo!
Aquele guitarrista que não sabe as escalas certas pode gravar, aquele baterista que não toca no tempo pode gravar, aquele baixista que não toca junto com o bumbo pode gravar, aquele cantor que semitona em todas as notas pode gravar, aquele tecladista que só sabe a técnica do “pé de galinha” pode gravar…
Ainda bem que existe o processo de Edição, para poder alinhar tudo o que está fora do lugar. Além disso, a pressa, os prazos, e todas as limitações que vem com o mundo real podem interferir no caminho de fazer o “take perfeito”. Mas o ouvinte não precisa saber disso, então no produto final, tudo tem que estar como deveria.
Superando os Recursos
Nos últimos anos, a edição virou a estrela dos processos de produção musical. Muitos produtores que não são instrumentistas, mas que compõe e produzem muito bem, se utilizam das técnicas de edição dos programas atuais para trazer a realidade as músicas que imaginam.
Porém, na música eletrônica e no Pop os recursos de edição ficam cada vez mais evidentes. Com as vozes afinadas em novas notas usadas como os Riffs, com percussões digitais totalmente programadas e sintetizadores que foram criados somente com clicks, a edição faz com que tudo esteja no lugar.
No final, não importa como se chegou ao som, o importante é fazer boa música!
Até mais e muito som!