Numa gravação, a Performance é tudo!
Na semana passada, falamos sobre como o Estúdio se prepara para gravar. Como ele prepara os microfones e equipamentos para capturar o que os músicos vão tocar. Hoje vamos falar do outro lado desse processo: o lado da Performance.
Os músicos também se preparam bastante para uma gravação, com ensaios, treinos e repetições. Gravar é uma grande pressão.
Mas o que é uma boa Performance?
Lembra da banda do Chaves? O Chaves estava tocando “Mamãe eu quero”, o Nhonho estava tocando “O teu cabelo não nega”, o Godines estava tocando “Garota de Ipanema”, a Popis tocava “Ceuzinho Lindo”, e o Kiko estava tocando “A Dança das Horas” que ele diz ser de Tchaikovsky.
As vezes é assim que uma banda iniciante soa, cada um tocando uma coisa diferente, sem ouvir os outros, sem precisão. Definitivamente isso não é uma boa performance.
Por outro lado, existem os músicos mecânicos. Que até tocam corretamente o que deve ser tocado, mas não transmitem nenhum tipo de energia. Apenas tocam como robôs. Isso também não é uma boa performance.
Uma boa performance é aquela que, obviamente, não tem erros, que é extremamente precisa, e que toca o que a música pede, sem exageros e sem deixar buracos. Mas acima disso, uma boa performance transmite energia. Se é uma música triste, ela te deixa pensativo, te trás uma memória. Se é uma música agitada, ela te faz bater o pé sem você nem perceber.
“Uma boa performance transmite energia“
Mas como se preparar para tocar numa gravação?
Primeiramente você deve saber o que vai acontecer no arranjo. Fale com o produtor, arranjador, diretor musical, para que ele te mande o áudio, se se possível a partitura, da música que vai ser gravada.
Ouça, toque, repita, muitas vezes! Tenha certeza de que todas as notas estão no lugar. Toque com o metrônomo, com a música. Toque sozinho, devagar, rápido. De todos os jeitos, para que na hora da gravação, você já tenha resolvido todos os erros e partes difíceis.
Depois que tudo estiver no lugar, procure formas de passar a energia. Seja um bend no final da frase, seja um slide para começar o riff, seja um flam no meio da virada, seja um vibrato na nota mais longa do refrão, seja uma dobra de vozes na última parte da música.
As articulações musicais trazem muita energia. O groove rítmico traz muita energia. As pequenas variações trazem muita energia. Treine tudo isso, ouça outras músicas que têm esses elementos, veja músicos que fazem isso.
Quem são os “Músicos de Estúdio”?
Com o passar do tempo, depois de gravar muitas vezes, você começa a desenvolver uma espécie de intuição, instinto musical.
Quando falamos de grandes músicos, como Jeff Porcaro (Baterista do Toto), Greg Phillinganes (Tecladista do Michael Jackson), Nathan East (Baixista do Eric Clapton), e de muitos outros, falamos de verdadeiros “Músicos de Estúdio”.
São instrumentistas que leem todas as notas de uma partitura, sem dificuldades. Mas que muito alem disso, fazem cada nota ganhar vida. Têm uma precisão fora do comum e ao mesmo tempo têm um ouvido musical que os permite adicionar exatamente o que falta na música.
Os Velhos Tempos
Durante os anos 60, 70 e 80, tudo era feito dentro do estúdio. A composição era escrita enquanto os músicos gravavam as faixas. Não havia ensaio, arranjo, nem nada de demorado. As músicas tinham que sair, uma atrás da outra, não havia tempo a se perder. Mas como isso era possível?
Esses músicos tinham um ouvido tão musical que eles sentavam juntos, tentavam algumas ideias, e rapidamente já sabiam como a música devia ser, como ficaria sua estrutura e quais as camadas que seriam adicionadas depois.
Gravar tantas vezes assim fez com que eles se tornassem os melhores músicos do mundo quando o assunto é gravação, absorver rapidamente um grande repertório, e nas situações em que a versatilidade é crucial.
A boa notícia é que todo mundo pode chegar nesse nível, com muito trabalho, suor, estudo e horas de REC.
Se você admira algum músico de estúdio, comente aqui. Sempre queremos conhecer outros mestres da gravação!
Até a próxima, e muito som!